quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Propaganda da Semana (Linha Willys-Ford)

Dia desses nós comentamos aqui sobre a venda da Willys-Overland do Brasil (WOB) para a Ford, isso no final de novembro de 1967. Naquela época, a compra de uma fábrica pela outra não era exatamente uma novidade (dois meses antes, por exemplo, a Vemag foi comprada pela Volkswagen do Brasil), mas os efeitos da compra eram, sim, inéditos para todos.
 
Quem tinha um Willys certamente deve ter pensado "puxa vida, me lasquei", ao imaginar a necessidade de peças de reposição e o valor de mercado do veículo, além de outros que devem ter passado pela sensação de ter um velho carro novo na garagem...
 
Por estas e outras que a Ford, já há muitos anos montando automóveis no Brasil (e efetivamente fabricando o Galaxie desde fevereiro daquele ano de 1967), publicou o anúncio com as suas promessas para acalmar os clientes da Willys-Overland, como vocês podem ver abaixo:
 
 


 
O anúncio foi disponibilizado gentilmente pelo usuário "Michel", no Flickr




O tempo mostrou que a Ford cumpriu as promessas:
 
a) a compra da Willys-Overland do Brasil pela Ford aconteceu sim, sem dúvida (não era boato);
 
b) a Ford lançou os "Carros M" (Corcel e derivados) com enorme sucesso: o Corcel durou de 1968 até 1986, a Belina foi produzida entre 1970 até 1991, a picape Pampa foi feita entre 1982 até 1996 e o Del Rey saiu das linhas de montagem entre os anos de 1981 até 1991);
 
c) o Consórcio Ford (também conhecido como CNF), que nasceu do Consórcio Willys, existe até hoje e está em pleno funcionamento;
 
d) o Aero-Willys e o Itamaraty foram vendidos até 1971 (com algumas modificações e aperfeiçoamentos feitos pela Ford, até mesmo as calotas do Galaxie equiparam os Itamaraty dos últimos anos);
 
e) o Gordini, na versão IV, saiu de linha no mesmo ano de 1967, em razão de suas baixas vendas e da fama não lá muito boa (não que fosse um carrinho ruim, mas talvez ele não era tão adaptado às duras estradas de então, muito piores do que as que temos hoje, acreditem); e,
 
f) a linha de utilitários, de boa fama, foi longe: a Rural foi montada até 1977 (não sem antes ganhar o maravilhoso motor OHC 2300 de quatro cilindros); a Pick-Up F-75 (a Picape Jeep renomeada) foi produzida até 1981 e o Jeep foi vendido até 1982.
 
Se a venda da Willys-Overland para a Ford foi boa para a indústria nacional eu não sei dizer. Mas que a WOB deixou saudade pra muita gente, ah, isso deixou! 
 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Catálogo da Semana (Linha Voyage 1993)

Meu avô, antes de ter um Chevette DL 1992, teve um Voyage 1986 atualizado para 1991, inclusive com o painel mais moderno. Dele não me lembro muito, mas sei que era um veículo dos mais interessantes, prático, confortável e bem durável, características que comoviam meu saudoso avô no momento de escolher um veículo.

A Volks também sabia dos predicados do sedã Gol e cuidava bem dele. Para o ano de 1993, a Volkswagen não trouxe retumbantes novidades, o impacto viria no ano seguinte, 1994, com a funda reestilização na linha Gol que acabou não vindo para o sedã, que morreria em 1996 ainda com a carroceria comumente chamada de "quadrada". Mesmo sem causar o impacto do novo, o confiável Voyage tinha muitos predicados e era uma ótima opção na época (eu teria um destes, com certeza), como nós podemos avaliar no catálogo abaixo, gentilmente disponibilizado por Sidney Machado Maciel no Ficrk dele:


O Voyage, a bem da verdade, não era exatamente espaçoso internamente (nisso o Prêmio tinha vantagem, embora o Gol sedã ganhasse do Chevette), mas o acabamento, principalmente na versão GL, era bem executado.
 
A versão CL era a de entrada: mais simples e barata, foi a mais vendida, embora não deixe muito a dever à GL, principalmente se estivermos falando de um Voyage CL 1.8, equipado com o saudável AP1800.

O painel das versões CL era mais simples, como se pode notar pelo volante com desenho simplificado, não havia relógio no painel, tampouco os comandos de teclas ao lado do quadro de instrumentos. O motor standard era o AE 1600, o velho e confiável motor Ford CHT com aperfeiçoamentos e nova roupagem.
 
Aqui vemos a versão topo de linha, o Voyage GL, que poderia receber até rodas de liga de desenho um tanto quanto esportivo; o vidro traseiro, para alegria e alívio dos passageiros, era basculante.
 
O painel da linha GL dispunha de um enorme relógio (no lugar do útil conta giros) e de comandos, na forma de teclas, instalados em volta do quadro de instrumentos (o famoso "painel satélite"). As calotas plásticas integrais hoje são terríveis de se encontrar, ficaram raras (e eram idênticas às do Logus/Pointer GL.

Era item de série o logotipo colado na tampa traseira, vejam só!
 
Em termos de mecânica, o Voyage era muito bem servido. É certo que o AE 1600 jamais ganharia concurso de modernidade, mas era uma opção válida à época, econômica e robusta.
 
A Volks tinha, de longe, a maior rede de concessionários no Brasil, e disso tirava proveito nas peças publicitárias.
O Voyage era um carro muito correto, até honesto: cumpria exatamente o que prometia e era confiável como a pontualidade de um trem britânico, tanto que formou uma legião de fãs que até hoje sabem dar o valor a este interessante Volkswagen.